Zona do euro cresce 0,3% e sai da recessão, mas temores persistem

Banco Central Europeu (crédito: Gatty Images)
Legenda da foto, A Alemanha puxou a recuperação, mas problemas persistem em países como Espanha

A economia da zona do euro finalmente deu sinais de recuperação, deixando para a trás a recessão na qual mergulhou por 18 meses. Mas o crescimento do PIB de 0,3% no segundo trimestre do ano ainda é modesto diante dos problemas que têm estremecido a economia do bloco, e ainda é cedo para falar que esses países superaram a crise.

O crescimento, anunciado nesta quarta-feira pela Eurostat (a agência de estatística da União Europeia), ficou um pouco acima das previsões.

A recuperação foi puxada pela Alemanha, que cresceu 0,7%. Maior economia entre os 17 países que adotam o euro, o pais não entrou em recessão no período e é considerado a locomotiva europeia.

O maior ritmo de crescimento, no entanto, foi registrado por Portugal, com 1,1%. O país foi um dos três que tiveram de ser socorridos por FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia e é um dos mais afetados pela crise econômica no bloco.

Mas nem todos os países tiveram números positivos para comemorar. A Espanha, com desemprego superior a 25%, viu sua economia encolher 0,1% no período. Holanda e Itália contraíram 0,2%.

Obstáculos

Comentando o crescimento da zona do Euro, Olli Rehn, vice-presidente da Comissão Europeia, disse que “há obstáculos substanciais a serem superados. O crescimento ainda é baixo e há sinais de que o crescimento ainda é frágil.”

“Vários países membros ainda têm níveis de desemprego inaceitáveis. A implementação de reformas essenciais na União Europeia, que são difíceis, ainda está no está no estágio inicial. Há um longo caminho pela frente”, disse.

Mas, para o editor de assuntos europeus da BBC, Gavin Hewitt, o crescimento ainda que modesto mostra uma confiança crescente dos agentes econômicos e sinaliza que o pior da crise ficou para trás.

“O tênue crescimento vai ter apenas impacto marginal no desemprego. Para uma diferença significativa nas estatísticas de desocupção seria necessário um crescimento de 1,5%. Alguns dizem que até em 2018 o desemprego na Espanha poderia ser ainda de 25%”, disse.

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Andrew Walker, editor de economia da BBC, destaca que o crescimento “não é muito, não é distribuído igualmente, mas é um crescimento”, por isso, no contexto, pode ser considero uma boa notícia.

“Algumas das economias no centro da crise continuaram a contrair, mas mais lentamente do que antes. É o caso da Grécia, da Itália e da Espanha”, explica. Mas “o desemprego da eurozona não aumenta desde março – e, sim, isso é progresso.”

Para Walker, os países da região também evoluíram ao diminuir sua necessidade de endividamento, usando a dolorosa saída de cortar gastos e aumentar impostos.

“O que seria realmente bom para eles seria um pouco da redução de déficit sem dor que vem com forte crescimento, que gera mais receita fiscal.”

“Isso não está no horizonte imediato. O foco é nas reformas econômicas com o objetivo de incentivar o crescimento, flexibilizar o mercado de trabalho e promover competição, por exemplo.”

“Mas tais medidas são polêmicas, politicamente difíceis e, de qualquer forma, demoram para ser implementadas e dar resultados”, diz Walker.