Soberania e lei têm de ser respeitadas, diz presidente indonésio sobre execução de brasileiro
O jornal indonésio Jakarta Post destaca em sua edição desta segunda-feira a "resposta tranquila" do presidente da Indonésia, Joko Widodo, sobre a execução do brasileiro Marco Archer Cardoso Moreira e sobre a convocação de embaixadores por parte de países que tiveram cidadãos executados.
O governo brasileiro e o da Holanda anunciaram que irão convocar seus embaixadores na Indonésia - o gesto no protocolo diplomático representa uma manifestação de insatisfação com o país que hospeda o embaixador - e se refere ao fuzilamento, no sábado, de Marco Archer Cardoso Moreira e do holandês Ang Kiem Soei.
De acordo com Widodo, "temos de reconhecer os esforços feitos por outros países para salvar seus cidadãos, já que nós fazemos o mesmo. Eu acredito que devamos respeitar uns aos outros no que diz respeito à soberania e à lei nacional de um país".
Tanto a presidente Dilma Rousseff como o governo da Holanda pediram clemência ao líder indonésio, mas os pedidos foram rejeitados. De acordo com o Jakarta Post, Widodo teria "explicado aos dois líderes que as execuções foram uma ordem judicial que o Ministério da Justiça precisava assegurar que seriam implementadas".
'Prática normal'
Em relação à convocação de embaixadores, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores indonésio, Armantha Nasir, disse que se trata de "uma prática normal, a de discutir temas entre os enviados e seus governos".
Outro jornal indonésio, o Kompas, destaca, em sua manchete, os comentários do vice-ministro das Relações Exteriores, A.M. Fahir, segundo o qual "as relações diplomáticas ainda vão bem". "Acreditamos que isso não irá mudar", comentou em relação a um possível desgaste nas relações da Indonésia com o Brasil e a Holanda.
O site indonésio Viva News destaca que o governo indonésio encarou com naturalidade a convocação de embaixadores, como um direito que compete a essas nações.
O site traz também declarações de um representante do Ministério das Relações Exteriores, Armanatha Christiawan Nasr, destacando que a chancelaria indonésia recebeu notificações dos governos do Brasil e da Holanda. O documento brasileiro foi enviado ao embaixador indonésio no Brasil, Toto Riyanto.
Mas Nasr acrescentou que o delito cometido pelo brasileiro Moreira e pelos outros traficantes executados "é um crime muito grave" e que a Indonésia vive um sério problema de consumo de drogas.