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Atualizado às: 28 de julho, 2008 - 21h30 GMT (18h30 Brasília)
 
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China usa Jogos para violar direitos, diz Anistia
 

 
 
Voluntários chineses na entrada da Vila Olímpica em Pequim
Voluntários chineses na entrada da Vila Olímpica em Pequim
Um relatório da Anistia Internacional (AI) afirmou que garantir a "harmonia" e "estabilidade" dos Jogos Olímpicos de Pequim virou uma desculpa para o governo desrespeitar os direitos humanos na China.

De acordo com o documento da ONG divulgado na segunda-feira, a repressão dos indivíduos que defendem os direitos humanos "se intensificou porque Pequim está hospedando os jogos".

A Anistia Internacional diz que a intenção do governo chinês seria "limpar" das ruas de Pequim pessoas "indesejáveis", que possam causar distúrbios e promover manifestações durante os jogos.

Nesta terça-feira, um porta-voz do lado chinês disse que a ONG não tem "direito" de dar lições ao governo chinês, e que a situação dos direitos humanos no país "tem ficado cada vez melhor".

"Acho que a situação dos direitos humanos na China tem ficado cada vez melhor. Fizemos muito progresso nesse campo", disse à BBC Xiong Lei, membro da Sociedade Chinesa para os Estudos dos Direitos Humanos, órgão ligado ao ogverno.

"Não quero seguir a linha da Anistia Internacional. Não acho que eles têm o direito de nos dizer o que fazer e o que não fazer. Nós na China sabemos os problemas que temos, e sabemos como remediar e resolver os problemas."

Pequim já negou várias vezes as acusações de que viola os direitos humanos e sustenta que recentes reformas que foram adotadas, além do bom gerenciamento da economia, melhoraram a qualidade de vida de milhões de pessoas na China.

O governo também tem realizado operações policiais devido à preocupação com possíveis ataques de grupos extermistas durante os jogos.

“Limpeza”

Para a AI, as autoridades chinesas estariam mantendo na prisão de forma "arbitrária e abusiva" ativistas, jornalistas e advogados que lutam pelos direitos humanos.

Segundo a ONG, o governo tem mantido esses cidadãos sob custodia por meio de duas formas de detenção que dispensam julgamento, a "reeducação por meio do trabalho" e a "reabilitação das drogas à força".

Aos detidos não é dado o direito de questionar o motivo da prisão e eles podem ficar sob custódia por até mais de três anos, segundo Mark Allison, pesquisador-chefe para a China da AI.

 Observamos uma deterioração dos direitos humanos na China não apesar da Olimpíada, mas por causa da Olimpíada.
 
Roseann Rife, -diretora do programa para Ásia da ONG

"Observamos uma deterioração dos direitos humanos na China não apesar da Olimpíada, mas por causa da Olimpíada", afirmou a vice-diretora do programa para Ásia da ONG, Roseann Rife.

Prisão arbitrária

Um dos casos de prisão arbitrária listado no documento é o de Ye Guoqiang e Ye Mingjun que estão detidos desde 2004 por terem protestado contra a remoção à força da área onde moravam em Pequim.

A casa da família Ye ficava no eixo central da capital que passou por renovações para dar espaço a obras para a Olimpíada.

A edificação foi demolida em meio a um projeto de revitalização próximo ao estádio Xiannongtan, mas as autoridades negam que a detenção dos Ye tenha a ver com os jogos.

O documento intitulado The Olympics countdown - broken promises, ("Contagem regressiva para a Olimpíada – promessas não cumpridas", em tradução livre) ainda aponta outras áreas onde a questão dos direitos humanos piorou, apesar das promessas de melhora do governo.

Segundo a Anistia, a China, além de perseguir ativistas e fazer uso de detenções arbitrárias, também tem censurado a internet e a imprensa e aplicado excessivamente a pena de morte.

O documento enumera diversos casos de censura à liberdade expressão, incluindo a coação do repórter do Irish Times Clifford Coonan, que foi forçado por policiais a interromper uma entrevista com as famílias das crianças mortas nas escolas que desabaram no terremoto de Sichuan.

Os policiais obrigaram o fotógrafo que acompanhava Coonan a apagar as imagens que tinha feito e ameaçaram punir as famílias que conversassem com a imprensa.

A liberdade de acesso à informação também não melhorou. "Informes recentes apontam que os sites de certos jornais e organizações independentes permanecem inacessíveis até mesmo para os computadores instalados dentro da vila olímpica", lamentou Mark Allison.

Execuções

A AI também ressalta que a China continua sendo o país com maior número de execuções penais. Porém, de acordo com a ONG, o governo do país não trata esse assunto com a transparência necessária.

A Suprema Corte afirma que houve uma queda nas execuções em 2007, mas a Anistia questiona como é possível confirmar essa alegação se nunca foram divulgadas estatísticas verificáveis sobre o assunto.

A maior frustração, acredita Roseann Rife, é o fato de a própria China ter associado os Jogos Olímpicos à promessa de maior respeito aos direitos humanos.

"Foram eles que fizeram primeiro essa associação", afirma.

Em 2001, o então secretário da candidatura Olímpica de Pequim, Wang Wei, afirmou após vencer a nomeação que "nós vamos dar completa liberdade à imprensa quando vierem à China".

"Estamos confiantes que a vinda dos Jogos para a China promoverá não apenas a nossa economia, mas também incrementará as condições sociais, incluindo educação, saúde e direitos humanos", disse Wang.

"Quando eles fizeram essas promessas, nós acreditamos nas palavras deles", concluiu Mark Allison.

Esse é o sétimo relatório de contagem regressiva para os Jogos Olímpicos de Pequim feito pela a Anistia Internacional desde 2005.

 
 
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