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Atualizado em: 04 de julho, 2003 - 16h24 GMT (13h24 Brasília)
 
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Guggenheim critica o Rio por veto ao museu
 
 

 
 
Thomas Krens, diretor da Fundação Guggenhein, no museu de Nova York
Thomas Krens, diretor da Fundação Guggenhein, no museu de Nova York

Thomas Krens, o diretor da Fundação Guggenheim criticou a prefeitura do Rio de Janeiro por causa da proibição judicial para a construção de uma filial do museu americano na cidade.

Em entrevista à BBC Brasil, ele disse que acredita que "a maneira como o processo evoluiu foi um pouco infeliz em função da falta de comunicação sobre o espírito do projeto e seus benefícios para o Rio de Janeiro".

Comparando o projeto do Rio de Janeiro com o Museu Guggenheim estabelecido em Bilbao, na Espanha, há dez anos, o diretor da fundação reconhece que as realidades são diferentes e que ele não conhece o Rio suficientemente bem para saber o que a decisão da Justiça representa.

Krens afirma também que já está procurando outros lugares na América do Sul para o estabelecimento do novo museu. Leia abaixo trechos da entrevista:

BBC Brasil – Quais é a sua expectativa em relação à proibição imposta pela justiça carioca para o início das obras do museu Guggenheim no Rio de Janeiro?

Thomas Krens – A esta altura minha expectativa é realista, o que significa que eu não tenho nenhuma expectativa. Creio que a questão pendente agora é, em parte, judicial e, em parte, técnica. Do ponto de vista técnico, a questão é saber se o prefeito César Maia tem a autoridade para tocar um projeto com esse escopo no prazo previsto.

Isso terá que ser decidido pelo tribunal, mas é claro que o prefeito acreditou que tinha esse poder. Já do ponto de vista das relações públicas, acredito que não se fez um bom trabalho no sentido de falar sobre quais são as oportunidades e benefícios a serem criados pelo museu.

BBC Brasil – Os que se opõem à construção do museu dizem que ele irá consumir US$ 240 milhões dos cofres de uma cidade com várias outras prioridades sociais.

Krens – Eu acredito que a maneira como o processo evoluiu é um pouco infeliz em função da falta de comunicação sobre o espírito do projeto e quais são seus benefícios para o Rio de Janeiro. Nossa experiência em Bilbao estabelece claramente um padrão para esse tipo de operação. No Rio, esperamos que haja um impacto econômico da ordem de R$ 1,5 bilhão nos primeiros cinco anos depois da abertura do museu.

A cada ano esperamos um público de um milhão de pessoas visitando o lugar. Em termos de impostos, a cada ano a cidade e o Estado do Rio de Janeiro ganhariam cerca de R$ 75 milhões, para não mencionar a criação permanente de algo entre 5 mil e 10 mil empregos.

BBC Brasil – O senhor pensa em expressar seu ponto de vista diante da Justiça brasileira?

Krens – Essa é, evidentemente, uma decisão brasileira. É também uma questão política. Não podemos simplesmente vir de fora e tentar impor qualquer tipo de realidade. Essa é uma realidade política que acredito que o prefeito César Maia precise lidar. Aliás, nós estamos em contato permanente com o gabinete do prefeito.

BBC Brasil – O senhor fixou algum prazo para desistir do projeto?

Krens – Essa questão de um prazo não depende de mim, eu não tenho um prazo estabelecido para isso. Se todas as oportunidades e realizações que o novo museu pode trazer forem enxergadas pela cidade do Rio de Janeiro, nós estaremos felizes em nos engajarmos nesse projeto. Mas caso isso não aconteça, nós começaremos a olhar para outros projetos. Nós iremos procurar outro lugar no continente para nos estabelecermos.

BBC Brasil – Quando o Guggenheim começará a procurar lugares alternativos ao Rio de Janeiro para a construção de sua filial sul-americana?

Krens – Acho que provalmente já começamos a olhar para outros lugares. Você tem que ser realista. Eu me sinto à vontade, ou melhor, eu me sinto entusiasmado com o nosso projeto no Rio.

Trata-se de um grande projeto numa grande cidade. Mas se isso não acontecer, o que eu posso fazer? Tudo o que eu posso fazer é ser o mais elegante e bem-educado possível.

BBC Brasil – Qual o interesse do Guggenheim em ter uma filial no Rio de Janeiro?

Krens – Nós adoraríamos estar no Rio de Janeiro porque entendemos que a cultura sul-americana é importante. O museu Guggenheim tem hoje um grande intercâmbio entre os dois lados do hemisfério norte, mas queremos estabelecer um eixo norte-sul nas Américas.

Esse foi o motivo inicial do nosso interesse pelo Rio de Janeiro. Foi por isso também que organizamos a exposição Brazil Body and Soul (Brasil Corpo e Alma, apresentada no Guggenheim de Nova York em 2001).

BBC Brasil – Como o senhor compara a oposição que o Guggenheim enfrenta hoje no Rio de Janeiro com à que enfrentou na Espanha, durante a construção do Guggenheim Bilbao?

Krens – Por incrível que pareça, em Bilbao nós tivemos uma resistência maior ao projeto do que agora no Rio. Mas isso foi há dez anos, e o mundo agora é bem diferente, e o Rio de Janeiro também é bem diferente de Bilbao. E eu não conheço o Rio de Janeiro suficientemente bem para saber o que tudo isso significa.

 
 
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