'Efeito UPP' faz aluguel aumentar mais em favelas do que no restante do Rio

Favela no Rio. Foto: Reuters

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Moradias do mesmo tipo ainda são 25% mais depreciadas nas favelas do que no resto da cidade

Os aluguéis nas favelas do Rio de Janeiro subiram 6,8% mais que em outras áreas da cidade desde que as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) começaram a ser implementadas, afirma estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgado nesta quarta-feira.

O estudo afirma que o chamado "efeito-UPP" ocorreu mesmo em favelas que não haviam recebido as unidades de polícia.

Segundo o coordenador da pesquisa, Marcelo Neri, o simples anúncio da criação das UPPs e a expectativa de que as unidades fossem se espalhar pelas comunidades do Rio foram suficientes para valorizar os imóveis.

Apesar do aumento pós-UPP, entretanto, a pesquisa revelou que o valor do aluguel nas favelas do Rio ainda é 25% mais barato do que em moradias de tamanho, estrutura e acesso a serviços básicos semelhante no restante da cidade.

O estudo da FGV comparou dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2007 e 2009. O programa das UPPs começou a ser implementado no Rio em 2008.

Caso Rocinha

A FGV prevê ainda que a valorização dos aluguéis na favela da Rocinha, ocupada pela polícia no último domingo, seja maior do que em outras favelas cariocas, devido à maior pressão imobiliária no local.

Cerca de 13% das pessoas que vivem na Rocinha moram em residências com mais de uma família, em comparação a 3% no Alemão, segundo a pesquisa.

Efeito olímpico

A FGV afirma ainda que houve um 'efeito olímpico' sobre a renda de famílias do Rio de Janeiro. Desde o anúncio de que as Olimpíadas de 2016 seriam realizadas na cidade, diz o estudo, as taxas de crescimento da renda domiciliar per capita média no Rio foram pelo menos duas vezes maiores do que nas seis principais metrópoles brasileiras.

De maio de 2009 a maio de 2010, a renda média nas seis principais regiões metropolitanas do Brasil cresceu 4,6%, enquanto de maio de 2010 ao mesmo mês deste ano, o crescimento foi de 6,1%.

Já no Rio, a alta foi de 10,7% entre 2009 e 2010 e de 14,7% entre 2010 e 2011.

Apesar disso, o estudo afirma que a desigualdade, ainda em alta, continua sendo um desafio na capital fluminense.