Rixa sobre plano de saúde agita votação-chave no Congresso dos EUA

  • Mark Mardell
  • Da BBC News em Washington
Casa Branca | BBC
Legenda da foto, Casa Branca em novo impasse para aprovar orçamento e aumentar teto da dívida

O governo americano corre o risco de ficar à beira da paralisação por causa da estratégia do Partido Republicano de evitar a aprovação do orçamento até o prazo final para um acordo no Congresso americano — que expira na meia noite de segunda-feira.

Por causa dessa estratégia, líderes e congressistas republicanos têm sido acusados de fazer pirraça à moda do movimento ultraconservador Tea Party e chegaram a ser comparados a homens-bomba ou motoristas adolescentes irresponsáveis.

O que pode acontecer à meia noite desta segunda-feira, quando acaba o prazo para o Congresso aprovar um novo orçamento para os próximos 12 meses, não chega a ser um Armagedom, mas não vai ser bonito de se ver.

Se os congressistas não passarem o orçamento, cerca de um terço dos dois milhões de funcionários públicos federais vai ser orientada a ficar em casa.

Parques e museus federais vão fechar; aposentados e pessoas que recebem benefícios do governo vão sofrer calote, e serviços como emissão de vistos e passaportes, assim como outros serviços considerados não essenciais, devem ser afetados.

No centro do debate entre democratas e republicanos está o polêmico projeto de lei de reforma da Saúde de Obama, conhecido como Obamacare.

Na manhã de domingo, a Câmara dos Representantes, de maioria republicana, aprovou emendas na lei orçamentária proposta pelo Senado que preveem a remoção de financiamento para o Obamacare, aumentando as chances de suspensão do programa.

O líder da maioria democrata no Senado, Harry Reid, prometeu vetar a proposta republicana.

"O Senado fará exatamente o que dissemos que faríamos: rejeitar as medidas", disse Adam Jentleson, porta-voz de Reid.

"Neste momento, os republicanos vão se confrontar com a mesma opção com que já se confrontaram no passado: aprovar o orçamento ou forçar a paralisação do governo."

Vontade das pessoas

O porta-voz da Casa Branca Jay Carney disse que qualquer membro do Partido Republicano que votar a favor das alterações propostas pelo partido estará apoiando a estagnação do governo, acrescentando que o presidente Obama vetará as propostas.

Os republicanos na Câmara dos Comuns são todos conservadores, todos odeiam o Obamacare e acham que os gastos do governo são irresponsáveis e escapam pelas mãos.

Sua estratégia é insistir em que sua posição é "a vontade das pessoas" - que, segundo eles, também odeiam o Obamacare.

Eles se baseiam não apenas em vacilantes pesquisas de opinião, mas no que ouvem de eleitores em seus distritos e programas de rádio.

Este é um ponto de discórdia entre dois tipos de republicanos, os que correm às barricadas e querem ser conhecidos como "heróis de uma revolução" e os que acham que a questão não faz muito sentido, mas não querem ser tachados de traidores e covardes.

Crise da dívida

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Uma eventual estagnação do governo seria a primeira em 17 anos, mas não seria a única crise que o governo americano enfrenta no momento.

Democratas e republicanos também se desentendem a respeito do aumento do limite de empréstimos por parte do governo.

O Secretário do Tesouro, Jack Lew, alertou que os Estados Unidos vão atingir o teto da dívida pública no dia 17 de outubro, ficando com a metade do dinheiro necessário para arcar com seus compromissos.

No início deste mês, Lew disse que a menos que o país possa expandir seu limite de crédito, o país terá cerca de US$ 30 bilhões para pagar dívidas, que podem chegar a US$ 60 bilhões.

Um eventual fracasso em elevar o teto da dívida pode levar o país a ficar inadimplente, o que, na avaliação de Obama, pode ser mais perigoso do que um eventual fechamento do governo.

Washington enfrentou um impasse similar em 2011. Republicanos e democratas só chegaram a um acordo no dia em que expirava o prazo para decidir sobre o aumento do teto da dívida.

Não tivesse sido resolvida, a briga poderia ter levado o país a falhar em honrar com seus compromissos financeiros. Ainda assim, o impasse foi suficiente para que a agência de crédito Standard & Poor rebaixasse pela primeira vez a nota de dívida do país.