#OscarsSoWhite: Após polêmica, Academia promete aumentar diversidade de seus membros

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Pelo segundo ano consecutivos, atores indicados são todos brancos

Após a polêmica campanha #OscarsSoWhite (#OscarsTãoBrancos, em inglês), que surgiu pelas redes sociais pedindo mais diversidade na premiação de Hollywood, a Academia anunciou mudanças para melhorar a representatividade de seus membros.

Pelo segundo ano seguido, nenhum ator ou atriz negro ou latino figurou entre os 20 indicados nas quatro categorias de atuação. A controvérsia cresceu a ponto de alguns atores anunciarem um boicote à cerimônia e de reabrir-se uma discussão sobre mudanças tanto na estrutura de indicados ao Oscar como na escolha e composição dos membros da Academia com direito a voto.

Depois de toda a polêmica e da hashtag ter dominado as redes sociais nos últimos dias, a Academia aprovou um novo planejamento para melhorar a diversidade entre seus membros. Os indicados ao Oscar são escolhidos por mais de 6 mil membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas - um grupo formado em sua vasta maioria por homens brancos acima de 50 anos.

Agora, com o recente anúncio de mudanças, a Academia promete dobrar o número de mulheres e do que chama de "membros que representam diversidade" até 2020.

Com exceção dos membros antigos e indicados ao Oscar, a Academia irá retirar direitos de voto daqueles que não têm sido ativos na indústria pela última década. Também vai lançar uma campanha de recrutamento de membros de identidade que representam "maior diversidade." As mudanças não afetarão a votação para os vencedores do Oscar deste ano.

Críticas

Os primeiros questionamentos surgiram logo depois que as indicações foram anunciadas, há uma semana, quando se espalhou pelas redes sociais a hashtag #OscarsSoWhite junto a críticas pela falta de diversidade racial entre os atores concorrentes.

Também foi criticada a ausência de Creed: Nascido para Lutar, que tem um protagonista negro, entre os indicados para melhor filme, assim como Straight Outta Compton: A História do N.W.A., que tem elenco predominantemente negro e recebeu indicações nas três premiações das associações de escritores, produtores e atores, além de ser reconhecido como o melhor do ano pelo Instituto de Cinema da América.

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O casal Jada Pinkett Smith e Will Smith boicotará a cerimônia deste ano

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Desde então, a polêmica só fez crescer. A atriz Jada Pinkett Smith, que é negra, anunciou que boicotará a cerimônia deste ano, que será realizada em 28 de fevereiro.

"Implorar por reconhecimento ou mesmo pedir por isso é degradante", disse ela um vídeo publicado no Facebook. Seu marido, o ator Will Smith, protagonista de Concussion, disse nesta quinta-feira que fará o mesmo.

"Não nos sentimos confortáveis de estar lá e dar a entender que está tudo bem", disse Smith em entrevista ao programa Good Morning America.

Ele era cotado para estar entre os indicados a melhor ator depois de sua indicação ao Globo de Ouro, assim como o também negro Idris Elba, indicado a melhor ator coadjuvante na mesma premiação por seu papel em Beasts of No Nation.

Outros atores - negros e brancos - também se manifestaram contra a falta de diversidade, como o britânico David Oyelowo, o americano George Clooney e a mexicana-queniana Lupita Nyong’o, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante em 2014.

O diretor Spike Lee, indicado duas vezes e premiado somente no ano passado com um Oscar honorário pelo conjunto da obra, também disse que não irá à cerimônia, mas negou que tenha endossado um boicote ao Oscar deste ano.

Já a atriz Whoopi Goldberg, vencedora do Oscar de melhor atriz coadjuvante em 1991 por seu papel em Ghost: Do Outro Lado da Vida, disse durante o programa The View, da rede ABC, que um boicote não funcionaria e só prejudicaria o comediante Chris Rock, que apresentará a cerimônia deste ano - ele é apenas o segundo negro a cumprir a função, sendo a outra foi a própria Goldberg.

A atriz opina que o problema não está na premiação, mas sim na indústria cinematográfica. "Temos essa discussão todos os anos, e todos os anos ficou louca da vida. O problema são as pessoas que poderiam ajudar a fazer filmes nos quais haja mais negros ou latinos e mulheres - o dinheiro não vem por causa da ideia de que não existe um lugar para filmes de negros."

Decepção

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A presidente da Academia, Cheryl Boone Isaacs (dir), disse recentemente estar 'decepcionada' com falta de diversidade dos indicados em atuação

Por sua vez, Chris Rock vem sendo pressionado pelo rapper 50 Cent e pelo cantor Tyrese Gibson para desistir de ser o apresentador da cerimônia. Rock falou pouco sobre o assunto, mas postou uma foto sua no Twitter com o comentário: "Oscar: o BET Awards branco" - uma referência ao Black Entertainment Television, que celebra as conquistas de afro-americanos e outras minorias nas artes e no esporte.

A própria presidente da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas - organizadora do Oscar -, Cheryl Boone Isaacs, que é negra, havia expressado seu desapontamento com a falta de diversidade racial na premiação deste ano.

"Claro que estou desapontada, mas isso não deve ofuscar a grandeza (dos indicados)", disse Isaacs ao site Deadline. Em um comunicado posterior, ela afirmou que a Academia tomaria "medidas drásticas para alterar a composição de seus membros para aumentar a diversidade entre eles".

Um levantamento feito pelo jornal Los Angeles Times em 2012 chegou à conclusão de que 94% deles são brancos e 77%, homens. Negros eram cerca de 2% e latinos representavam menos de 2%.

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'Straight Outta Compton: A História do N.W.A.' foi ignorado pela Academia