Levantes árabes devem dominar discussões em encontro do G8

Local onde ocorrá encontro do G8 (AFP)

Crédito, AFP

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Temas como os levantes árabes devem dar novo fôlego ao encontro

Os líderes do G8 se encontrarão nesta quinta-feira, na França, em meio a questionamentos por parte de nações emergentes quanto à relevância e à importância do grupo que abriga as nações mais ricas do mundo.

Mas analistas apontam que os atuais levantes no mundo árabe, bem como a crise nuclear no Japão, devem prover novos temas e dar novo fôlego à reunião do grupo.

A recuperação da economia global e as mudanças climáticas também devem estar na pauta do encontro, que reunirá Grã-Bretanha, Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Rússia.

O presidente dos EUA, Barack Obama, viaja à França após uma visita de Estado à Grã-Bretanha. Sua próxima parada no giro europeu será a Polônia.

Em discurso em Londres nesta quarta-feira, Obama disse que "países como China, Índia e Brasil estão crescendo muito rapidamente. Devemos aplaudir esse desenvolvimento que tirou centenas de milhões da pobreza e criou novos mercados e oportunidades para nós mesmos", afirmou o presidente.

No entanto, o americano rejeitou o argumento de que a emergência dessas novas lideranças significaria o fim da supremacia americana e europeia.

"Este argumento está errado. O momento para nossa liderança é agora", disse ele. "Em uma época em que desafios e ameaças pedem que nações atuem em conjunto, permanecemos os grandes catalisadores para ações globais."

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BBC Lê

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Nações árabes

Líderes da Tunísia e Egito - países onde recentemente presidentes foram derrubados por levantes populares – e representantes da Liga Árabe estarão presentes no encontro do G8, para negociações sobre um grande plano de ajuda financeira para ajudar as nações árabes em sua transição à democracia.

O atual impasse político na Líbia é outro importante tema de discussão, num momento em que a ofensiva internacional levada a cabo pela Otan (aliança militar ocidental) no país parece estar escalonando.

A crise líbia deve evidenciar divisões dentro do G8, já que a Rússia é abertamente crítica às operações da Otan contra o líder Muamar Khadafi.

Com a redução das operações estrangeiras no Iraque, sinais de progresso no Afeganistão e o “forte golpe contra a Al-Qaeda” (por conta da morte de seu líder, Osama Bin Laden), Obama disse em Londres que está em tempo de iniciar “um novo capítulo na nossa história compartilhada”, em referência à aliada Grã-Bretanha.

“Foram os EUA, a Grã-Bretanha e nossos aliados democráticos que moldaram o mundo em que novas nações puderam emergir e indivíduos puderam prosperar”, declarou o americano.

Mas ele acrescentou que essa “liderança” de americanos e europeus teve de “mudar com os tempos”, e que já se foi a época em que um presidente americano e um premiê britânico podiam “sentar em uma sala e resolver os problemas do mundo”.

Também participarão dos encontros desta quinta-feira expoentes de empresas de tecnologia, como o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, e o executivo do Google, Eric Schmidt, em uma tentativa de pressionar os governos a não fortalecer em demasia as regulamentações sobre a internet – tema que está incluído na agenda do G8.

O encontro tratará, ainda, do impasse nos diálogos de paz entre israelenses e palestinos e no processo de sucessão na liderança do FMI (Fundo Monetário Internacional), após a renúncia do francês Dominique Strauss-Kahn.

Neste ponto também os países ricos enfrentam queixas por parte dos emergentes, que pedem que a influência no FMI reflita o novo equilíbrio de forças no cenário econômico global.