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05 de janeiro, 2006 - 14h07 GMT (12h07 Brasília)

Documentário alemão acusa Cuba por assassinato de JFK

Um documentário alemão sobre o assassinato do presidente americano John F. Kennedy defende a tese de que o crime foi encomendado e pago por Cuba.

O filme Rendezvous with Death ou Encontro com a Morte, em tradução livre, é baseado em uma pesquisa de três anos com fontes cubanas, russas e americanas e será exibido na TV alemã nesta sexta-feira.

Uma das fontes cubanas, o ex-agente secreto Oscar Marino, afirmou que o governo de Havana se aproveitou de Lee Harvey Oswald, que foi preso, mas acabou sendo assassinado antes de ser julgado.

Veja imagens de Kennedy expostas em Roma

Várias teorias da conspiração acusam Cuba, Rússia e os Estados Unidos de terem atuado juntos ou separadamente no atentado que tirou a vida de Kennedy.

De acordo com Oscar Marino, os cubanos queriam matar o presidente americano porque ele se opôs à revolução na ilha caribenha e teria tentado orquestrar a morte do líder Fidel Castro.

Ordens

Marino disse ao diretor do filme, Wilfried Huismann, que tinha certeza de que o assassinato foi uma operação organizada pelo serviço secreto cubano, o G2, mas ele se recusa a revelar se as ordens partiram diretamente de Fidel Castro.

De acordo com as fontes entrevistadas para o documentário, o serviço de inteligência cubano teria entrado em contato com Oswald depois de ter sido alertado sobre a volta dele aos Estados Unidos pela KGB (o serviço secreto russo), em 1962.

O americano morou na União Soviética por três anos.

"Oswald era tão cheio de ódio, ele já tinha a idéia. Nós o usamos", afirmou Marino.

Uma possível "conexão cubana" chegou a ser investigada pelos Estados Unidos pouco depois da morte de Kennedy.

No entanto, o investigador do FBI (polícia federal americana) destacado para seguir o rastro de uma viagem de Oswald ao México, foi chamado de volta depois de apenas três dias, e a investigação foi abandonada.

O agente Laurence Keenan, que hoje tem 81 anos, afirmou que "esta talvez tenha sido a pior investigação na qual o FBI já se envolveu".

"Eu me dei conta de que fui usado. Me senti envergonhado. Perdemos um momento histórico", afirmou Keenan ao cineasta.

Política

O militar americano da reserva Alexander Haig afirma no documentário que o sucessor de Kennedy, Lyndon B. Johnson, acreditava na culpa de Cuba e temia uma guinada à direita no país, caso a verdade viesse à tona, o que deixaria os democratas fora do poder por muito tempo.

De acordo com Haig, que era conselheiro militar na época e depois chegou a ser secretário de Estado, "Johnson disse: 'Nós simplesmente não podemos deixar o povo americano acreditar que Fidel Castro pode ter matado o nosso presidente'".

"Johnson estava convencido de que Castro matara Kennedy e levou essa certeza para o seu túmulo."

John F. Kennedy foi o 35º presidente dos Estados Unidos e foi assassinado durante uma carreata em Dallas em novembro de 1963.

Lee Harvey Oswald, um ex-atirador de elite dos Fuzileiros Navais, que trabalhava em um depósito de livros em frente ao local em que o presidente foi morto, era o principal suspeito e foi preso pouco depois do crime, mas acabou sendo assassinado.

Ele era casado com uma russa, se considerava comunista e fazia propaganda política da Cuba de Fidel.