Ahed Tamimi, a jovem palestina julgada por tapa no rosto de soldado isralense

Ahed Tamimi, a jovem palestina julgada por tapa no rosto de soldado isralense

A palestina Ahed Tamimi, de 17 anos, começa a ser julgada nesta terça por crime contra segurança na corte militar de Israel.

Ahed deu um tapa no rosto de um soldado israelense em dezembro do ano passado, na porta da casa dela, em Nabi Saleh, um vilarejo localizado na Cisjordânia.

A mãe dela, Nariman, filmou a cena - transmitida ao vivo na internet.

As imagens mostram três mulheres palestinas e dois soldados israelenses armados. Ahed parte para cima de um deles e o agride com empurrão, chute e tapa. Exige que eles saiam dali. Os soldados não reagem.

Mãe e filha foram detidas dias depois. Ahed foi presa numa ação da força de segurança israelense na madrugada. E a mãe dela foi presa quando foi à delegacia para saber como a filha estava, e está sendo acusada de agressão e de incitar a violência. A prima Nur Tamimi é acusada de violência.

O caso da adolescente atraiu atenção internacional. Mas ela não é a única menor de 18 anos presa ali.

Cerca de 300 crianças e adolescentes que estão detidos em prisões israelenses, segundo levantamento feito pela B’Tesselem, uma organização não governamental de direitos humanos.

No mesmo dia em que Ahed bateu no soldado, o primo dela, Mohammed, levou um tiro na cabeça.

A bala que atingiu o adolescente de 15 anos era de metal, revestida de borracha, e foi disparada por um soldado israelense. Mohammed perdeu parte do crânio.

O vídeo em que Ahed aparece dando o tapa num soldado não é o primeiro em que a adolescente ativista aparece provocando israelenses.

As imagens recorrentes dela e da família em protestos fazem com que os Tamimi sejam acusados por israelenses de provocar deliberadamente soldados e, assim, promover propaganda anti-Israel.

Quando tinha 11 anos, Ahed já havia sido filmada ameaçando socar um soldado depois que o irmão mais velho dela foi preso. Dois anos atrás, ela bateu num soldado que tentava deter o irmão mais novo.

“Agora que ela está na prisão, acho que vai pagar um preço e vai ser um preço alto”, diz Anat Berko, membro do parlamento israelense e representante do partido governista Likud.

“Sinto muito que a família não tenha contido esse comportamento”, diz Berko, ressaltando que, mesmo sendo provocados e agredidos, os soldados não reagiram.

Já Oren Hazan, que também é representante do parlamento em Israel, reage com mais agressividade ao comentar o caso. Ele diz que, se tivesse oportunidade, “teria mandado Ahed para o hospital”. “Ninguém ia me conter, eu ia chutar o rosto dela.”

O pai de Ahed, Bassem Tamimi, recebeu a BBC em casa. Ele também é um ativista que já foi preso mais de uma vez por forças israelenses. A última detenção foi motivada por manifestações ilegais e jogar pedras.

Por quatro anos, ele organizava protestos semanais, muitos deles com a presença de ativistas estrangeiros e até israelenses, na tentativa de marchar em direção aos assentamentos judaicos. Bassem e a mulher levavam consigo os quatro filhos nessas manifestações. E, normalmente, os soldados israelenses reagem atirando com balas de borracha e bombas de gás.

“Claro que estou preocupado, mas estou orgulhoso da minha filha. Estou feliz que ela se transformou em exemplo para a nova geração resistir”, diz Bassem.

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