Por que o coronavírus agora se chama covid-19 e como esses nomes são criados?

coronavírus

Crédito, SMITH COLLECTION/GADO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que o nome oficial da doença causada pelo novo coronavírus passará a ser Covid-19.

"Agora temos um nome para a doença e é Covid-19", disse o chefe da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, a repórteres em Genebra.

O Dr. Ghebreyesus pediu ao mundo que lute contra o novo vírus da maneira mais agressiva possível.

A palavra coronavírus refere-se ao grupo ao qual o vírus pertence, e não à última cepa.

O vírus em si foi designado como SARS-CoV-2 pelo Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus.

Os pesquisadores vêm clamando por um nome oficial para evitar confusão e estigmatização de qualquer grupo ou país.

"Tivemos que encontrar um nome que não se referisse a uma localização geográfica, a um animal, a um indivíduo ou a grupo de pessoas, e que também seja pronunciável e relacionado à doença", explicou o chefe da OMS.

"Ter um nome é importante para impedir o uso de outros nomes que podem ser imprecisos ou estigmatizantes. Também nos fornece um padrão a ser usado em futuros surtos de coronavírus."

O novo nome é retirado das palavras "corona", "vírus" e "doença", com 2019 representando o ano em que surgiu (o surto foi relatado à OMS em 31 de dezembro).

Atualmente, existem mais de 42.200 casos confirmados em toda a China. O número de mortes ultrapassou o da epidemia de Sars em 2002-2003.

Na segunda-feira, 103 pessoas morreram apenas na província de Hubei, um recorde diário, e o número nacional de mortes no país era de 1.016. No entanto, o número de novas infecções em todo o país caiu quase 20% em relação ao dia anterior, de 3.062 para 2.478.

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"A nomeação de um novo vírus costuma demorar bastante e o foco até agora tem sido a resposta de saúde pública, o que é compreensível", diz Crystal Watson, professor-assistente do Centro para Segurança da Saúde de Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

"Mas há razões pelas quais o nome deve ser uma prioridade", acrescenta.

Para tentar diferenciar esse vírus em particular, os cientistas o chamaram de "novo coronavírus". Os coronavírus recebem esse nome por seus espinhos em forma de coroa quando vistos em um microscópio.

A OMS recomendou o nome temporário 2019-nCoV, que inclui o ano em que foi descoberto, "n" para novo e "CoV" para coronavírus.

Mas esse nome não "pegou".

"O perigo quando você não tem um nome oficial é que as pessoas comecem a usar termos como 'vírus da China', e isso poderia criar uma discriminação contra certas populações."

Com as redes sociais, nomes não oficiais se firmam rapidamente e são difíceis de ser mudados, diz ela.

Um caso histórico foi a chamada "gripe espanhola", em 1918, que matou cerca de 50 milhões de pessoas e gerou uma forte reação de preconceito ao povo espanhol.

Análises históricas indicam, no entanto, que o vírus nem sequer surgiu na Espanha, mas foi, sim, reportado com menos controle no país que, naquele momento, tinha uma posição de maior neutralidade na Primeira Guerra Mundial.

É que a gripe surgiu justamente no final do conflito, pegando populações inteiras com ferimentos, baixa imunidade e contato mais próximo com pessoas de outros países.

Uma reportagem recente da BBC News Brasil mostrou como o novo coronavírus está espalhando antigos preconceitos sobre a China e seus hábitos culturais.

Quem 'batiza' o vírus?

A tarefa urgente de nomear formalmente o vírus é de responsabilidade do Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus (ICTV, na sigla em inglês).

Surtos anteriores dão sinais de alerta. O vírus H1N1 em 2009 foi apelidado de "gripe suína". Isso levou o Egito, por exemplo, a abater todos os porcos, apesar de a doença ser espalhada por pessoas.

Nomes oficiais também podem ser problemáticos. A Organização Mundial da Saúde (OMS) criticou o nome Mers (Síndrome Respiratória no Oriente Médio) em 2015.

"Vimos que certos nomes de doenças provocam uma reação contra membros de comunidades religiosas ou étnicas específicas, criam barreiras injustificadas para viagens, comércio e comércio e provocam o abate desnecessário de animais para alimentação", afirmou em comunicado.

Como resultado, emitiu diretrizes. De acordo com elas, o nome do novo coronavírus não deve incluir localizações geográficas, nomes de pessoas, animais ou tipos de alimento, e referências a uma cultura ou setor específico.

A OMS diz que o nome deve ser curto e descritivo — como o da Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave, na sigla em inglês).

Mas, para que ele se firme, também precisa ter apelo, diz Benjamin Neuman, professor de virologia, que, junto com outras 10 pessoas, faz parte do grupo de estudo da ICTV que está escolhendo o novo nome.

"Tem de ser mais facilmente pronunciado que os outros", diz ele.

A equipe começou a discutir um nome há cerca de duas semanas e demorou dois dias para escolher um, diz Neuman, que é presidente de Ciências Biológicas da Texas A&M University-Texarkana nos EUA.

Além de ajudar o público a entender o vírus, a ICTV espera permitir que os pesquisadores se concentrem em combatê-lo, economizando tempo e evitando confusão.

"Descobriremos no futuro se acertamos", diz Neuman.

"Para alguém como eu, ajudar a nomear um vírus importante pode acabar sendo mais duradouro e mais útil do que o valor de uma carreira profissional. É uma grande responsabilidade", completa.

A security guard wearing a protective face mask checks body temperature of a driver at the entrance to a parking at residential area of Sanlitun in Beijing, China, 11 February 2020.

Crédito, EPA

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