Quem era o homem que morreu após atear fogo a si mesmo diante de tribunal que julga Trump em NY

Um homem ateou fogo em si mesmo em um parque do lado de fora do tribunal onde o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está sendo julgado criminalmente, em Nova York, morreu neste sábado (20/4).

Ele foi levado ao hospital em estado crítico e acabou morrendo, segundo a rede CBS News – parceira da BBC nos EUA.

Maxwell Azzarello, de 37 anos, molhou seu corpo com um líquido e jogou panfletos de teorias da conspiração para o alto na sexta-feira, antes de atear fogo a si mesmo.

O Departamento de Polícia de Nova York disse à BBC News que a “investigação policial está em andamento” sobre o incidente e que “não há preocupações adicionais de segurança neste momento”.

A polícia indentificou o homem como Maxwell Azzarello, que chegou a Nova York vindo de sua casa na Flórida na semana passada. Ele não tinha antecedentes criminais em Nova York e sua família na Flórida não sabia que ele havia viajado para a cidade.

O chefe da polícia de Nova York, Jeffrey Maddrey, disse que Azzarello foi visto por testemunhas no parque antes de pegar o líquido inflamável e os panfletos em um saco.

Trump estava no tribunal quando tudo ocorreu. O ex-presidente foi retirado do local por um agente do serviço secreto, como mostram vídeos.

Não há informações de para onde Trump foi levado. Depois que a situação foi controlada, o ex-presidente foi conduzido de volta ao tribunal.

Trump não respondeu quando foi questionado pelos repórteres que estavam no local sobre o homem que se incendiou.

Em uma entrevista coletiva à imprensa, a polícia disse que o homem não tinha como alvo qualquer pessoa ou grupo específico. As autoridades estão vasculhando as redes sociais dele e dizem que o homem postou algo na internet sobre o que planejava.

Segundo uma testemunha ouvida pela BBC no local, o homem esteve nos arredores do tribunal durante toda a semana segurando um cartaz.

Julie Berman, moradora de Manhattan, disse ter visto o momento em que o homem ateou fogo em si mesmo.

Segundo Berman, ele lançou papéis no ar depois de jogar em seu corpo algum tipo de líquido duas vezes.

"Tudo aconteceu tão rápido", afirmou ela. "Demorou para minha mente conseguir acompanhar."

Uma pessoa teria gritado para o homem "não faça isso" antes de ele atear fogo em si mesmo.

Questionados sobre o que havia nos panfletos, os policiais disseram que eles pareciam ser “baseados em conspiração”. Os papéis diziam algo no sentido de que as instituições de ensino superior de Nova York faziam "parte da máfia".

O parque onde ocorreu o incidente estava aberto ao público e o homem não furou nenhuma barreira de segurança.

Os policiais disseram ter atendido a ocorrência de incêndio dois minutos após ela ter sido relatada. Eles afirmaram que o único atraso ocorreu porque não havia um extintor de incêndio de prontidão.

“Ninguém sabia que alguém atearia fogo a si próprio", disse Jeffrey Maddrey, chefe do departamento de polícia de Nova York.

As autoridades disseram que poderiam rever o seu plano de segurança, mas permaneceram confiantes na sua abordagem e disseram que implantariam alterações, caso fosse necessário.

Outra testemunha, identificada apenas como Dave, disse que estava circulando em torno do tribunal quando viu o homem se autoimolar.

Dave parecia visivelmente abalado enquanto falava com a imprensa. Ele pediu que jornalistas não divulgassem seu sobrenome nem publicassem uma imagem sua.

O incidente foi algo “que eu nunca quis ver”, disse ele.

“Vai estar sempre em meus pesadelos. Aconteceu muito rápido”.

Quando questionado se alguém tentou ajudar, ele respondeu: “O que você faz [diante disso]?”.

Dave disse que pessoas ficaram horrorizadas e começaram a gritar quando perceberam o que estava acontecendo.

“Ele estava em chamas e parecia obviamente determinado a fazer isso”, afirmou ele.

A polícia informou aos jornalistas que se preparou exaustivamente para o julgamento de Trump e tinha “grandes planos de segurança”. Membros da polícia inclusive se reuniram com os bombeiros como parte desses planos.

Tanto o Corpo de Bombeiros quanto os serviços médicos de emergência estavam na região.

Por que Trump está sendo julgado

Trump, de 77 anos, é o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a enfrentar um processo criminal.

O republicano é acusado de ter falsificado registros comerciais para ocultar um pagamento de US$ 130 mil (R$ 675 mil) à estrela pornô Stormy Daniels, pouco antes das eleições de 2016, que ele venceu.

Os promotores dizem que Trump fez isso para "influenciar ilegalmente" as eleições. O ex-presidente nega a acusação.

Trump pode pegar no máximo quatro anos de prisão se for condenado, mas também pode ser punido apenas com uma multa.

O julgamento histórico do ex-mandatário tem como pano de fundo a campanha presidencial deste ano — e pode, em última análise, acabar com o provável candidato republicano se tornando condenado em julgamento criminal meses antes de os eleitores irem às urnas, em novembro.

Ainda não está claro se o julgamento continuará nesta sexta-feira após o incidente.