Coronavírus: Brasil fecha quase toda a fronteira terrestre, mas mantém entrada por aeroportos

  • Mariana Schreiber
  • Da BBC News Brasil em Brasilia
Presidente Jair Bolsonaro concedeu entrevista coletiva usando máscara nesta quarta-feira

Crédito, Agência Brasil

Legenda da foto, Presidente Jair Bolsonaro concedeu entrevista coletiva usando máscara nesta quarta-feira

Texto atualizado às 13h53 de 19 de março de 2020.

O governo brasileiro determinou nesta quinta-feira (19/3) o fechamento de quase toda a fronteira terrestre do país, em mais uma medida para tentar conter a expansão do coronavírus no país. O trânsito por terra continua, por enquanto, liberado apenas com o Uruguai, país com o qual o Brasil ainda negocia os termos do fechamento.

A entrada de estrangeiros segue liberada também nos aeroportos por meio de voos internacionais. O Ministério da Justiça não deu ainda detalhes de por que o fechamento da fronteira terrestre não incluiu o Uruguai e a razão pela qual a entrada aérea segue liberada.

Mesmo sem o bloqueio, o número de voos internacionais com chegada e saída do Brasil já caiu drasticamente, refletindo a queda de demanda por brasileiros e a proibição de voos adotada por outros países. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), suas associadas já registram, em média, redução de 85% dos voos internacionais ante o mesmo período do ano passado.

O governo de Jair Bolsonaro havia interditado nesta semana o fluxo de pessoas com a Venezuela. A nova portaria interrompeu também a entrada de estrangeiros vindos de Argentina, Paraguai, Bolívia, Peru, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa e Suriname.

A portaria é assinada pelos ministros Braga Netto (Casa Civil), Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde).

Na terça-feira, Mandetta havia descartado a medida. "Não vejo hoje necessidade de fechar o Brasil para o mundo. Estamos olhando o mundo ocidental com muita atenção. Hoje eu não tenho por que tomar essas medidas", disse.

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O Brasil, porém, acabou decidindo seguir o exemplo de outros países. Na segunda-feira (16/3), primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, anunciou o fechamento das fronteiras do país a estrangeiros. No dia seguinte, os 27 países da União Europeia também decidiram fechar as fronteiras externas do bloco por 30 dias. A proibição só não atingiu cidadãos de países da Associação Europeia de Livre Comércio (Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça) e do Reino Unido.

"Eu acho uma boa ideia (o fechamento de fronteiras). Quanto mais se limitar a mistura de pessoas de uma área geográfica a outra, mais sucesso teremos em retardar a propagação", diz à BBC News Brasil a especialista em doenças infecciosas Jessica Justman, professora da Universidade Columbia, em Nova York.

Justman ressalta que, em uma pandemia como essa, é importante adotar medidas tanto de contenção quanto de mitigação. Ela diz que, enquanto a contenção é focada nos indivíduos, abrangendo testes, quarentenas, rastreamento de contato e outras medidas do tipo, a mitigação se concentra no nível comunitário.

"O distanciamento social é parte crucial da mitigação. (Medidas como) fechamento de escolas, recomendar que as pessoas evitem locais com muita gente. E acho que restringir a passagem de pessoas pela fronteira (também) é parte (importante) da mitigação", salienta.

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Bloqueio brasileiro não atinge transporte de cargas

O fechamento da fronteira determinado pelo governo Bolsonaro se aplica apenas a estrangeiros, continuando livre a entrada de brasileiros. Imigrantes que têm autorização de residência definitiva no país também continuam podendo ingressar em solo brasileiro por terra.

A medida também não afeta profissionais de organismos internacionais em missão e funcionários de governos estrangeiros acreditados junto ao governo brasileiro.

Continua liberado também o transporte de cargas, importante para evitar desabastecimento no país.

Segundo a portaria, quem desrespeitar o fechamento será imediatamente deportado e ficará impedido de solicitar refúgio no Brasil.

Analisando exame de coronavírus

Crédito, EPA

Legenda da foto, Brasil investiga mais de 11 mil casos suspeitos de coronavírus

Restrições de viagens na China ajudaram a atrasar contágio

A China, país onde o coronavírus foi inicialmente identificado e que, durante muito tempo, foi o epicentro da crise, adotou restrições de viagens no início da epidemia. Segundo especialistas, essas medidas ajudaram a retardar a propagação do novo coronavírus não apenas no país como também no resto do mundo. Esse tempo extra é valioso para que os países e seus sistemas de saúde se preparem para enfrentar a crise.

Mas, como a covid-19 é uma doença nova, sobre a qual ainda há muitas dúvidas sem respostas, é difícil avaliar o impacto desse tipo de medida. Um estudo calculou que proibições de viagem adotadas inicialmente pela China atrasaram o avanço do vírus em 2,9 dias.

O país tem mais de 80 mil casos confirmados, mas nas últimas semanas vem registrando baixo número de novos casos, e deixou de ser o epicentro da crise — que agora é a Europa.

Ainda em janeiro, o presidente americano, Donald Trump, proibiu estrangeiros que haviam visitado recentemente a China de entrar nos Estados Unidos. Na época, a medida recebeu elogios de especialistas em saúde pública por reduzir a velocidade da propagação do novo coronavírus, dando tempo para que os Estados Unidos se preparassem.

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