Coronavírus: em meio a discussões sobre lockdown, pesquisa aponta que mais de 70% defendem isolamento social de todos

Avenida Paulista com pouco movimento

Crédito, Roberto Parizotti/Fotos Públicas

Legenda da foto, Pesquisa aponta que população defende medidas de isolamento, mas ainda assim SP tem tido dificuldade em manter a baixa circulação de pessoas

Em meio a recordes no número de mortes diárias de covid-19 no Brasil e adoção de medidas mais rígidas de quarentena em diversas regiões, uma pesquisa recém-divulgada aponta que 72,4% das pessoas são favoráveis ou muito favoráveis a que toda a população fique em isolamento social.

Sobre o uso de máscaras, que a partir desta quinta-feira (07/05) passa a ser obrigatório em todo o Estado de São Paulo - desde o transporte público até dentro de estabelecimentos e locais públicos -, 78,7% dos entrevistados disseram concordar parcial ou totalmente com a frase: "me sinto mais seguro se todos estiverem usando máscaras".

A pesquisa, feita em 30 de abril por aplicativo de celular com 1,7 mil pessoas em todo o Brasil, é da startup Behup, que levanta dados para fazer análise de comportamentos. A amostragem, segundo a Behup, é representativa da população brasileira e tem margem de erro de três pontos percentuais.

O Brasil tem tido intensos debates sobre as medidas de isolamento social. Enquanto o presidente Jair Bolsonaro defende a volta ao trabalho da população, alguns Estados e municípios adotam medidas mais restritivas na tentativa de conter o avanço do novo coronavírus.

Nesta quinta, Bolsonaro foi ao Supremo Tribunal Federal com um grupo de empresários e ministros para pressionar pelo fim das restrições à atividade econômica.

O Brasil registrou mais de 600 mortes diárias por covid-19 nos últimos dois dias. O boletim de quarta-feira do Ministério da Saúde apontou que já passa de 8,6 mil o total de mortes oficialmente confirmadas, e são mais de 127,4 mil casos da doença.

Em São Paulo, epicentro da pandemia no Brasil, a prefeitura anunciou um "megarrodízio" a partir de 11 de maio para diminuir a circulação de veículos e, consequentemente, reduzir o número de pessoas circulando nas ruas.

Fiscalização de feira livre em Belém

Crédito, Marcelo Seabra /Ag Pará

Legenda da foto, Fiscalização de feira livre em Belém, que entrou em lockdown

No Rio de Janeiro, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que o Estado pode ficar sem leitos de UTI (unidades de terapia intensiva) já a partir de 13 de maio. Por conta disso, a fundação defende medidas de lockdown - um isolamento mais rígido e passível de punição para quem o descumpri-lo.

A adoção tardia dessas medidas, segundo a Fiocruz, "resultaria em uma catástrofe humana de proporções inimagináveis para um país com a dimensão do Brasil".

No Maranhão, a capital São Luís está em lockdown desde terça-feira; a medida passou a valer também em Belém e em outras nove cidades do Pará a partir desta quinta. No Ceará, o lockdown começará em Fortaleza nesta sexta.

No Amazonas, o Ministério Público entrou com uma ação na Justiça pedindo o isolamento mais rígido, uma vez que o sistema de saúde local já está em colapso.

Regras valem para os outros?

De volta à pesquisa de opinião da Behup, 74,7% dos entrevistados se disseram preocupados ou muito preocupados em contrair o novo coronavírus. E 14,9% se dizem favoráveis e 57,5% se dizem muito favoráveis a que todas as pessoas permaneçam em isolamento social (totalizando os 72,4% citados no início desta reportagem).

Apenas 5,5% se disseram nada favoráveis a medidas de isolamento.

O que explica, então, as baixas taxas de adesão às quarentenas adotadas pelos governos locais? Em São Paulo, por exemplo, a medição do governo estadual a partir de dados de celulares aponta que, nos dias 5 e 6 de maio, o índice de adesão ao isolamento foi de 47% da população - a taxa considerada ideal é de 70%.

Fiscalização de veículos em São Luís, no Maranhão, também em lockdown

Crédito, Biné Morais/Agência São Luis

Legenda da foto, Fiscalização de veículos em São Luís, no Maranhão, também em lockdown; em pesquisa, 74,7% dos entrevistados se disseram preocupados ou muito preocupados em contrair o novo coronavírus

Além das dificuldades de parte da população em promover o distanciamento social em locais inadequados e a necessidade de trabalhar para sobreviver, o pesquisador Danilo Cersocimo, diretor de assuntos públicos da Behup, vê também um "comportamento bem brasileiro".

"Minha interpretação dessa contradição é de que, primeiro, existe uma noção de que o isolamento social é importante, e sua defesa é o politicamente correto", diz ele à BBC News Brasil.

"Mas também existe um comportamento típico brasileiro de que 'as regras são para os outros' ou de 'não me considero em (comportamento de) risco'. Mostra a nossa dificuldade em cumprir regras sociais e em ter um comportamento (para o bem) coletivo."

Pensar no médio prazo

Na avaliação de Cersocimo, outros números da pesquisa sinalizam ainda uma possível dificuldade em manter as medidas de proteção no médio e no longo prazo.

Enquanto 84,4% dos entrevistados concordam total ou parcialmente com a ideia de que "usar máscara em público é um sinal de respeito para com os outros", apenas a metade também concorda parcial ou totalmente com a ideia de que "o governo deve obrigar as pessoas a usar máscaras em público mesmo quando a pandemia tiver passado".

"Isso me leva a crer que, se com o passar dos meses, houver a percepção de que a pandemia está controlada - e essa percepção pode variar entre as pessoas -, pode ser que haja um relaxamento (na defesa das medidas de proteção)", opina.

Línea

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