Eleições nos EUA: horas após fechamento das urnas, votação acirrada deve definir novo presidente

  • Mariana Sanches - @mariana_sanches
  • Da BBC News Brasil em Washington
Mulher de perfil e de máscara segura grupo de envelopes

Crédito, REUTERS/Brandon Bell

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A pandemia de covid-19 levou 101 milhões de americanos a votarem antecipadamente

Após mais de 22 horas desde o início da apuração de votos, o resultado das eleições presidenciais americanas continua indefinido.

O cenário indica para uma disputa apertada entre o candidato democrata Joe Biden e o republicano Donald Trump, a ser definida por Estados do Meio-Oeste, como Pensilvânia, Wisconsin e Michigan (que já aponta vitória para Biden), justamente aqueles em que há grande volume de votos pelo correio a serem contabilizados e nos quais a apuração pode se estender pelos próximos dias.

A demora na contagem dos votos em papel levou Trump a concretizar a estratégia que ensaiou ao longo da campanha. Sem provas de fraude no processo, o presidente se declarou vencedor e disse que vai contestar a contagem de votos na Suprema Corte.

"Isso é uma vergonha para o nosso país. Nós estávamos prontos para ganhar. Francamente, nós ganhamos as eleições. Pelo bem dessa nação, isso é uma grande fraude. Nós queremos que a lei seja aplicada da forma correta, vamos à Suprema Corte. Nós queremos que todos os votos parem. Não queremos que eles achem dez mil novos votos às 4 da manhã", disse Trump, em pronunciamento na Casa Branca.

A medida gerou reação imediata de Biden. Para a campanha democrata, as declarações são "ultrajantes, sem precedentes e incorretas" e parte de um "esforço descarado para retirar os direitos democráticos dos cidadãos americanos".

No início da noite desta quarta-feira (4/11), o candidato democrata fez um discurso se dizendo confiante.

"Não estou aqui para declarar que ganhamos", afirmou Biden. "Mas estou aqui para relatar que, quando a contagem acabar, acreditamos que seremos os vencedores."

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Já nas primeiras horas após o fechamento das urnas na terça-feira (03/11), ficou claro que a eleição não seria uma lavada para nenhum dos lados. Trump, que concorre à reeleição, saiu na frente na contagem em Flórida, Geórgia, Carolina do Norte e Texas, quatro Estados nos quais venceu em 2016 contra Hillary Clinton.

Horas depois, Flórida e Texas confirmaram a vitória do republicano em 2020.

Nos EUA, o voto é indireto e conquista a Presidência o candidato que somar no mínimo 270 dos 538 delegados em disputa no colégio eleitoral americano.

Às 19h20 desta quarta-feira (horário de Brasília), a apuração mostrava 243 para Biden contra 214 para Trump.

A eleição de 2020 é sem precedentes no país por uma série de motivos. A pandemia de covid-19 levou 101 milhões de americanos a votarem antecipadamente, mais de 60 milhões deles via correio, um recorde.

Além disso, a projeção de participação eleitoral é a maior em mais de 100 anos. Cerca de 67% dos eleitores — ou 160 milhões de pessoas — compareceram às urnas esse ano. Nos EUA, o voto não é obrigatório.

O processo eleitoral não é centralizado e cada Estado tem regras próprias — e diferentes — para a condução do processo, o que explica porque o ritmo de divulgação dos resultados é tão diverso.

Flórida e Texas ficam com Trump, e Arizona deve ficar com Biden

Trump vs. Biden

Crédito, Getty Images

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As primeiras horas após o fechamento das urnas mostraram que a eleição não seria uma lavada para nenhum dos lados

Na Flórida, com 96% das urnas apuradas, Trump aparece com 51,2% dos votos, contra 47,7% para Biden.

Conhecido por ser um Estado pendular, a Flórida foi alvo de pesada atenção dos dois candidatos. Trump fez vários comícios ali, Biden também e levou o ex-presidente Barack Obama consigo.

A vitória por maior margem de Trump no Estado na comparação com 2016 se explicaria especialmente pela sua performance entre os eleitores latinos. Trump conseguiu melhorar em mais de 10 pontos percentuais sua votação nesses grupos em comparação com quatro anos atrás.

infográfico comparativo na Flórida entre 2016 e 2020

Contribuíram especialmente para o resultado a grande comunidade cubana e a diáspora venezuelana, que veem no republicano uma barreira ao avanço da esquerda na América Latina e uma força capaz de levar o regime de Nicolás Maduro na Venezuela a uma transição de poder.

No mês passado, Trump fez um aceno especial a esses eleitores ao mandar seu secretário de Estado, Mike Pompeo, para uma visita a refugiados venezuelanos no Estado brasileiro de Roraima.

O presidente do Partido Republicano da Flórida, Joe Gruters, deixou claro o entusiasmo à CBS News em um comunicado, antes mesmo do fim da contagem: "Esmagamos os democratas, nossos eleitores apareceram para votar em peso. Esta foi uma vitória da equipe e é um grande dia para a Flórida. "

Trump também parece ter tido sucesso em bloquear uma vitória democrata no Texas. O Estado não vota majoritariamente pelos democratas desde 1976, mas tem vivido uma mudança significativa em sua demografia: o eleitorado está cada vez menos rural e branco e cada vez mais urbano e racialmente diverso, um perfil que tende a favorecer os democratas.

O atual presidente também levou os 38 delegados em disputa no Texas, e ali Biden apenas conseguiu reduzir a vantagem do republicano em relação a 2016. A apreensão no Estado era tal que na véspera da eleição a campanha republicana tentou, sem sucesso, invalidar 127 mil votos dados em uma seção eleitoral especialmente democrata em Houston.

Mas a maior vitória de Biden deve ser mesmo o Arizona. Com 86% da apuração concluída, o democrata liderava com 51% dos votos, contra 47,6% para o oponente. E embora o Estado garanta apenas 11 delegados, seria o primeiro a mudar de lado em relação a 2016.

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